sexta-feira, 18 de julho de 2008

Eu espectador de mim


Já faz alguns dias que estou me sentindo como um espectador. Um espectador da minha própria vida. É como se tudo já houvesse acontecido antes, e eu, simplesmente não me lembrasse de nada. Pareço estar revivendo, revisando, refazendo. Acho agora tudo mais encantador, mas não consigo experimentar totalmente essas belezas pois estou meio de fora, continuo me sentindo um espectador. Minha noção de horário mudou completamente. O tempo até passa, mas tudo já aconteceu. É como ver um filme, não tão passivamente pois eu sinto, eu estou no filme e tenho que seguir o roteiro.
Não que eu queira aprisionar os momentos e sensações. Ai, droga! Não estou conseguindo explicar nem a metade do que sinto agora e, na confusão causada pelo turbilhão de idéias que me invadem ao mesmo tempo, não consigo reunir tantas idéias em uma só já que elas se atropelam como se tivessem vida própria e quisessem garantir presença em meu pobre testemunho. Não, não está sendo fácil ser espectador e ao mesmo tempo agente dessa vida cheia de segredos. Sei que estou dramatizando um pouco a coisa toda até e talvez eu leia isso tudo depois e ache graça, mas agora eu preciso tentar expor estes sentimentos como eles aparecem pra mim.
Não consigo confiar em ninguém além de mim mesmo e ao mesmo tempo confio em todo mundo. Talvez eu tenha passado muito tempo em minha própria companhia. Eu sou hoje meu herói e minha decepção. Na verdade sempre fui assim. É, sempre fui, ainda que seja duro admitir isso, mas agora a sensação é mais intensa ou mais evidente do que antes.
Quero respirar mais, só que não consigo, não adianta, não dá pra atravessar a tela. Mas como, se sou eu quem está na tela? O problema é que sou também esse protagonista. Esse talvez nem seja um problema, aliás, pode até ser a solução. Preciso assumir meu papel verdadeiro, que é, o de participante, e esquecer essa estória de ser espectador de uma vez por todas. É isso. Há uma porção de coisas pra fazer. Eu consigo. Eu aposto comigo mesmo que consigo. Vou voltar pro mundo real, o da interpretação, mesmo que já esteja tudo escrito, e essa decisão também deve estar escrita já que estou tomando-a. O que eu não posso fazer é ler o final do roteiro, senão perde a graça, né?

5 comentários:

Raquel Maciel disse...

o mundo é espectador de você. mostre mesmo pra esse "tal" isso tudo.

osvaldo disse...

yeah !!! finalmente a materialização dessa ideia !!!sempre que conseguir vou da uma passadinha aqui, pra vê o que se passas nessa cabeça pensante, grande abraços, sabes que eu e toda minha familia tem um carinho por você imensuravel, alias você faz parte de minha familia, a familia a qual escolhi. grande abraço !!! não fui o 1º mais fui o 2º . rsrsrsrs

Filipe Dias disse...

Grande Pontas...
Até que enfim, garoto!
Eu também resisti muito até criar um blog, mesmo porque meu infinito a ser expressado é muito particular (êa Marisa!). Agora vejo que, pelo menos de antemão, também trabalhamos em um mesmo hemisfério poético. Boa sorte!
Ah, e cabe aqui mais um comentário: está escrevendo bem, heim, moço?! Parabéns!
Grande Abraço

Josci - mOI disse...

Muito legal, Gustavo! c sabe que me divirto muito ouvindo seus causos e seus pensamentos...logo, vou me tornar uma frequentadora assídua do seu blog. Por isso, arranje sempre um pokinho de tempo pra satisfazer seus amigos que, como eu, amam estar com vc, te ouvir,e agora, lire tes pensées. beijoooo e vida longa!

Claudinha Santos disse...

"Ao mesmo tempo em que vc se vê cooo expectador de si mesmo, vc vive o filme. O problema é que o roteiro não é estático e definido, ele sofre alterações(boas ou runis) no desenrolar da trama.Apenas se deixe levar mas sempre com atenção.É por falta de cauela, que as vezes as cenas ruins se repetem, e as cenas boas não voltam mais."

•Clau∂inha• ^^