sexta-feira, 25 de julho de 2008

Eu música

Cifra

Com música na cabeça e a cabeça no lugar,
No lugar onde houver música,
Sigo em harmonia com o ritmo da vida,
Qualquer canto é minha casa.
Às vezes sou maior e outras vezes sou menor.
Maior em menor freqüência.
Minha interpretação é propiciada pela natureza,
Que só se apresenta em longa escala,
Misteriosa e cifrada em sua performance.
Por ela é na tensão que os pares encontram sintonia,
Formam duplas, conjuntos.
Sei que essa melodia parece batida,
Mas tudo tem seu tempo,
E eu sou músico, preciso de uma música, talvez agora mesmo.
Meu maior contraponto é que eu sempre caio de tom na hora de cantar.
Confesso que sôo assim mesmo, meio desafinado, quem me vê logo nota.
Tenho que me tocar antes que a situação se torne mais grave.
Aguda é a voz que se repete de repente,
Como que gravada na memória,
Entre o som e o sono estonteante,
Em um timbre levemente dissonante,
Que me invade a passos compassados,
Numa canção em alto e bom sonho:
Vamos lá, acorde, lá vem o sol,
Ninguém vai querer te escutar se ficares batendo na mesma tecla.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Eu amigo

Percebi que comecei esse blog falando somente de mim mesmo, então resolvi escrever sobre alguém além de mim. “Vou escrever sobre meus amigos”, pensei eu, e agora estou aqui imaginando umas palavras bonitinhas pra prestar uma homenagem às pessoas mais importantes da minha vida. Há um tempo atrás eu cheguei a escrever “Sou um reflexo dos meus verdadeiros amigos” no msn, em letras maiúsculas, e fiquei lá, on-line, todo orgulhoso, parecendo até que tinha feito grande coisa. Pelo menos consegui me expressar bem. A maior influência pra minha vida são mesmo meus amigos. O lance é saber quem são esses tais amigos aí. Aviso logo que alguns parentes estão incluídos nessa lista seleta, é claro. O lance é que ser parente não é o bastante pra que eu considere amigo, mas quando eu considero alguém como amigo considero também como parente. É bom perceber que tenho vááários amigos, e amigos de verdade mesmo, o problema é que sou muito mal agradecido, tenho que admitir que sou. Ainda bem que meus amigos são tão amigos que não se importam muito com isso e sabem que eu os amo apesar de hoje não passar muito tempo ao lado de alguns deles. Estou me dedicando aos meus conflitos internos (minhas pirações), ao planejamento profissional (descobrir que porcaria eu vou fazer da vida), aos meus amigos mais próximos (meus pais) e tentando organizar a parcela de influência que recebo de cada um dos meus amigos em geral, pra, no final das contas, ser alguém. Inclusive, teve uma pessoa que me perguntou um dia desses sobre quem eu sou. Eu sinceramente não sei responder, mas já tenho uma pista, "Sou um reflexo dos meus verdadeiros amigos”, uma projeção, por isso vou continuar a falar de mim, automaticamente me referindo a eles.

domingo, 20 de julho de 2008

Eu me re-conheço

Eu contigo
Eu consigo
Eu cogito
Eu componho
Eu disponho
Eu suponho
Eu suplico

Eu creio
Eu saio
Eu caio
Eu freio
Eu frágil
Eu finjo
Eu sofro
Eu sinto

Eu não vou
Eu não vôo
Eu não posso
Eu não possuo

Eu sei
Eu sou sonho
Eu sou só
Eu só sou
Eu

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Eu espectador de mim


Já faz alguns dias que estou me sentindo como um espectador. Um espectador da minha própria vida. É como se tudo já houvesse acontecido antes, e eu, simplesmente não me lembrasse de nada. Pareço estar revivendo, revisando, refazendo. Acho agora tudo mais encantador, mas não consigo experimentar totalmente essas belezas pois estou meio de fora, continuo me sentindo um espectador. Minha noção de horário mudou completamente. O tempo até passa, mas tudo já aconteceu. É como ver um filme, não tão passivamente pois eu sinto, eu estou no filme e tenho que seguir o roteiro.
Não que eu queira aprisionar os momentos e sensações. Ai, droga! Não estou conseguindo explicar nem a metade do que sinto agora e, na confusão causada pelo turbilhão de idéias que me invadem ao mesmo tempo, não consigo reunir tantas idéias em uma só já que elas se atropelam como se tivessem vida própria e quisessem garantir presença em meu pobre testemunho. Não, não está sendo fácil ser espectador e ao mesmo tempo agente dessa vida cheia de segredos. Sei que estou dramatizando um pouco a coisa toda até e talvez eu leia isso tudo depois e ache graça, mas agora eu preciso tentar expor estes sentimentos como eles aparecem pra mim.
Não consigo confiar em ninguém além de mim mesmo e ao mesmo tempo confio em todo mundo. Talvez eu tenha passado muito tempo em minha própria companhia. Eu sou hoje meu herói e minha decepção. Na verdade sempre fui assim. É, sempre fui, ainda que seja duro admitir isso, mas agora a sensação é mais intensa ou mais evidente do que antes.
Quero respirar mais, só que não consigo, não adianta, não dá pra atravessar a tela. Mas como, se sou eu quem está na tela? O problema é que sou também esse protagonista. Esse talvez nem seja um problema, aliás, pode até ser a solução. Preciso assumir meu papel verdadeiro, que é, o de participante, e esquecer essa estória de ser espectador de uma vez por todas. É isso. Há uma porção de coisas pra fazer. Eu consigo. Eu aposto comigo mesmo que consigo. Vou voltar pro mundo real, o da interpretação, mesmo que já esteja tudo escrito, e essa decisão também deve estar escrita já que estou tomando-a. O que eu não posso fazer é ler o final do roteiro, senão perde a graça, né?